dia 22: quando você fica meio carrie bradshaw das ideias
observações sobre um coração partido
com o dia dos namorados se aproximando, i couldn’t help but wonder: todos os homens solteiros de são paulo estão emocionalmente indisponíveis?
conheço mulheres incríveis que estão solteiras aos 20 e 30 e poucos e todas elas já viveram histórias de amor completamente aterrorizantes com homens da nossa faixa etária e/ou mais velhos.
(eu, particularmente, sigo completamente contrária à hipótese de que meninos mais novos são — em qualquer grau — melhores. em idade de cachorro, esse tipo de relacionamento beira o ilegal)
essas mulheres, em sua maioria, não cometem os mesmos erros que eu (cof, cof, ficar com um homem com relacionamento aberto em frangalhos, continuar ficando com ele quando dito relacionamento acaba, falar “eu te amo” durante o carnaval e viver um romance intenso que termina em 6 meses). eu mesma já fui muito mais esperta na hora de escolher: nesses casos, admito que doeu menos, mas também que me diverti menos no processo.
não, não, minhas amigas escolhem homens com bons empregos, apartamentos no centro expandido e gatinhos ou cachorros resgatados. homens que gostam de ler e ouvir podcasts, com amigos e vida social saudável. homens com hobbies e interesses!! homens que poderiam se tornar parte integral de suas vidas.
parafraseando minha querida barbie, homens que nossos amigos não só tolerariam, mas abraçariam como integrantes honorários do grupo.
e, mesmo assim, ghosting, love bombing e todas as outras parafernálias na dating life moderna se repetem nas nossas histórias de amor e coração partido.
às vezes, chorar na linha 1 - azul de santana até a vergueiro cura tudo. e aí, mesmo depois de dates semanais, bom-dias e boa-noites, sabatina com os amigos e algumas noites mal dormidas em uma Cama De Menino ™, a gente sai inteira. pronta pra próxima (afinal, o bumble continuou instalado e aquela pequena seleção de curtantes e conversantes ainda está no close friends do instagram).
um seis na escala richter: ocasiona pequenos danos em construções.
também tem aquelas relações que não te partem o coração porque você amou demais ou pela falta que vai sentir. e, sim, pelos horrores aos quais você se submeteu — como assim eu precisei me esforçar para gostar desse cara e agora ele tá me chamando de idiota e megera de umas 10 formas diferentes?
um sete na escala richter: tremor de grandes proporções com risco de danos estruturais.
e, por fim, há relacionamentos como o último. relacionamentos intensos e fora de hora, com flores, desenhos da casinha que seu avô morto construiu para você e dates perfeitamente orquestrados. relacionamentos com sexo bom e divertido, sem brigas e com a sensação de ter encontrado uma alma gêmea.
tínhamos uma sincronicidade tão fácil, que foi fácil esquecer o bumble. deixar os conversantes e curtantes pra lá. porque eu só queria estar ali, onde eu me sentia tão incrivelmente em casa.
quando acabam, esses relacionamentos são um 8 na escala richter: muito forte, com destruição total.
a gente vai aos poucos juntando os caquinhos. tenho amigas que começaram a malhar e aprenderam novos hobbies. amigas que, como eu com a escrita, voltaram para paixões antigas. entramos em clubes, choramos sobre as mesmas coisas durante semanas e marcamos terapia. desejamos tê-los de volta, mas evitamos quebrar o silêncio. fazemos detox das redes sociais. usamos as redes sociais loucamente e descobrimos exatamente com quem eles devem estar transando agora.
é um processo longo e não linear, mas totalmente emocionalmente disponível.
enquanto a gente dói, eles partem pra próxima. ainda mais fechados pro amor e mais focados em si mesmos.
é muito difícil entender o que fazer com todo esse amor quando a coisa começa a clarear. quando a neblina lilás desaparece. o que fazer com o amor que você sente quando o objeto do seu amor decide que não pode (ou não quer) ficar?
não tenho respostas pra isso.
é dia 22 do meu coração partido e eu estou cansada e confusa. ainda me sinto perdida, apesar de estar muito menos triste. sinto a falta dele nos momentos mais inoportunos e desejo tê-lo de volta nem que seja para contar coisas pequenas. eu queria mesmo tê-lo para falar de tudo. tentar de novo sabendo da sua depressão e das suas inseguranças. tentar de novo exigindo mais e oferecendo mais.
mas, não tem voltar atrás. não existe replay. só existe escrever e dançar robyn de madrugada com seus melhores amigos.
não existe versão em que passamos um dia dos namorados romântico juntos, em que discutimos apenas o que jantar.
existe apenas a versão em que o único agendamento para o meu dia 12 de junho é uma série de exames de imagem para investigar alguns carocinhos no meu útero.
coisas que fiz por mim:
arquivei o instagram (de novo)
apaguei seu contato
com a ajuda do meu amigo guilherme, arrumei meu quarto de depressão
missões para a semana:
fazer meus exames
sobreviver ao dia dos namorados sem querer morrer me perguntando “quando vai ser a minha vez de ser cafona na fila do coco bambu?”